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ARTE

segunda-feira, 9 de maio de 2011

OSSOS DA MEMÓRIA



Os ossos da memória
Vergavam o cérebro no vazio
Da avidez e da inveja
Dos edifícios calcinados
Na mudança frívola da autoridade
Calcada da avenida
Aniquilada pela dissolução
Do patético rol das lembranças

Ao anoitecer
A chama da atenção
Alimentava o fogo da criação
Nos escombros das necrópoles
De portais escancarados aos vivos

Havia uma sensação de amor
Recordações de corolas murchas
No solo arenoso da alma
E na atmosfera húmida
Envolta em insuportável imensidão
De mecanismo gasto e ressequido

Entes pálidos flutuavam
Moribundos do pensamento
Pela brisa escura soprados
Dos mais profundos enigmas

A memória movimentava-se
Agora com lentidão
Na essência da morte
E no cárcere do tempo
Cinzas do passado
Extinguia-se


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