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ARTE

terça-feira, 3 de novembro de 2009

FERNANDO PESSOA - ALBERTO CAEIRO - COMO UM GRANDE BORRÃO DE FOGO SUJO

Como um grande borrão de fogo sujo
O sol-posto demora-se nas nuvens que ficam.
Vem um silvo vago de longe na tarde muito calma.
Deve ser dum comboio longínquo.
Neste momento vem-me uma vaga saudade
E um vago desejo plácido
Que aparece e desaparece.

Também às vezes, à flor dos ribeiros,
Formam-se bolhas na água
Que nascem e se desmancham
E não têm sentido nenhum
Salvo serem bolhas de água
Que nascem e se desmancham.


JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org

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