Fronte sangrenta e ferida
De opróbrio e sofrimento,
Ó fronte escarnecida
De espinhos no tormento,
Fronte há pouco adornada
De louros e jasmim,
Hoje tão ultrajada,
Sê bendita de mim!
Tu, ó face tão nobre
Que os grandes desta vida
Honravam, deste modo
És agora cuspida!
Como te vejo pálida!
Quem a luz desse olhar,
Que o sol não igualava,
Nos veio assim turvar?
O que sofres, Senhor,
É meu pesado fardo;
De mim, tão pecador,
Suportas o pecado.
Repara: só castigo
Mereci da tua mão:
Dá-me tu, compassivo,
A luz de teu perdão!
Tradução de Herculano de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário