Eu morro estranhamente... Mas não me mata a Vida,
a Morte não me mata, não me mata o Amor;
morro de um pensamento silente qual ferida...
Não sentistes jamais a estranha dor
de um pensamento imenso que se arraiga na vida
devorando alma e carne, sem conseguir dar flor?
Nunca levastes dentro a estrela adormecida
que vos abrasava todos e não dava um fulgor?
O cume dos Martírios!... Levar eternamente,
dilacerante e árida, a trágica semente
como um dente feroz nas entranhas cravada!...
Mas arrancá-la um dia na flor que, salvadora
e inviolável, se abrisse... Ah, maior não fora
ter a cabeça de Deus entre as mãos levantada!
Tradução de José Bento
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