A família e o trabalho são castelos que nos encarceram e esgotam a nossa vitalidade. O apegamento à família com as autolimitações para manter o seu equilíbrio sempre precário e a carreira profissional cerceiam a liberdade.
O relacionamento familiar é em regra de uma opacidade brutal. A transparência é de todo excepcional. Marido e mulher convivem numa duplicidade constante, ludibriando-se mutuamente. Simulam amor onde vigora o hábito. Fingem fidelidade onde impera o adultério físico e mental. Desdobram-se em palavras gentis que se estruturam no ciúme, no ódio e na falsidade. São o que efectivamente não são, e deixam de ser o que são por mera conveniência das aparências sociais, escravizando-se a um modo de ser vil e repulsivo.
No trabalho, os indivíduos atropelam-se, iludem-se, esmagam-se, enganam-se. Desenvolvem a secular arte da intriga, da delação, do favorecimento pessoal. Lutam sequiosamente por uma posição favorável espezinhando mesquinha e indiscriminadamente todos os obstáculos. São aquilo em que se transformam: entes desprezíveis escravos da sua ambição.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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