Sentara-se na proa a alisar as barbas malhadas de branco e entrançadas pelo descuido de quem desperta sem querer despertar
Uma gaivota esquelética rondava o pontão de Sueste em arcos defectivos com asas descompassadas na cadência nativa do nascimento da terra
O mar não o via
Com a clareza súbita
De predador avezado
Ao sangue da superfície
Olhos extenuados de tanto olhar
Não ousava aterrar
As adriças açoitavam os mastros despidos
Madeiro alto de súplica
Corroído de sal
Ruído de címbalos decadentes desarmónicos
A anunciar a missa de fim de tarde
Os dias corriam lestos naquela manhã cruenta apeada do seu cargo natural
O sémen esgotado por noites doridas anojadas no leme calejado por mãos de dedos cortantes aceirados pela ferócia das vagas cruzadas encapeladas dos Cabos que resguardara nas navegações sem rumo de agulha de marear fosca e imperscrutável
Afastara-se das pontas de terra que penetram as águas
Das escarpas das costas até à invisibilidade dos pormenores e dos pontos conspícuos
Arredara-se para a segurança das águas profundas que por benevolência aumentam a distância das poupas das ondas penteadas em cume de montanha submissa onde o coração pulsa lento e pacífico
Longe da rota dos grandes cargueiros
E dos monstros oceânicos
Não podia dispor do Destino
Os seus passos milagrosos no espelho das águas azul-celeste e o ponto marcado na carta amarelecida pelo tempo ignoto e pelo salitre não eram seus
Não poderia dispor do Acaso
O vento leve e falso fazia abater a embarcação que rolava e que seria o seu catre e esquife
Deixava-a ir a correr com o tempo maldito
De nada lhe serviria contraverter o querer do mar arrebatado em fúria
Mar-mulher Mar-pai Mar-filho
Mar-tudo
Sem ansiedade olhava os limites do futuro
A incerteza dos passos marítimos a tocar as nuvens brancas e luminosas das ondas a jorrar
Deixou-se embalar pelo movimento enternecedor desfrutando voluptuoso o medo desse momento mágico
Sabedoria de azul cromada à deriva
O amanhã poderia ser um túmulo perene nas amorosas águas do largo
Na bonança do serpeado contraído
E surdo
Uma gaivota esquelética rondava o pontão de Sueste em arcos defectivos com asas descompassadas na cadência nativa do nascimento da terra
O mar não o via
Com a clareza súbita
De predador avezado
Ao sangue da superfície
Olhos extenuados de tanto olhar
Não ousava aterrar
As adriças açoitavam os mastros despidos
Madeiro alto de súplica
Corroído de sal
Ruído de címbalos decadentes desarmónicos
A anunciar a missa de fim de tarde
Os dias corriam lestos naquela manhã cruenta apeada do seu cargo natural
O sémen esgotado por noites doridas anojadas no leme calejado por mãos de dedos cortantes aceirados pela ferócia das vagas cruzadas encapeladas dos Cabos que resguardara nas navegações sem rumo de agulha de marear fosca e imperscrutável
Afastara-se das pontas de terra que penetram as águas
Das escarpas das costas até à invisibilidade dos pormenores e dos pontos conspícuos
Arredara-se para a segurança das águas profundas que por benevolência aumentam a distância das poupas das ondas penteadas em cume de montanha submissa onde o coração pulsa lento e pacífico
Longe da rota dos grandes cargueiros
E dos monstros oceânicos
Não podia dispor do Destino
Os seus passos milagrosos no espelho das águas azul-celeste e o ponto marcado na carta amarelecida pelo tempo ignoto e pelo salitre não eram seus
Não poderia dispor do Acaso
O vento leve e falso fazia abater a embarcação que rolava e que seria o seu catre e esquife
Deixava-a ir a correr com o tempo maldito
De nada lhe serviria contraverter o querer do mar arrebatado em fúria
Mar-mulher Mar-pai Mar-filho
Mar-tudo
Sem ansiedade olhava os limites do futuro
A incerteza dos passos marítimos a tocar as nuvens brancas e luminosas das ondas a jorrar
Deixou-se embalar pelo movimento enternecedor desfrutando voluptuoso o medo desse momento mágico
Sabedoria de azul cromada à deriva
O amanhã poderia ser um túmulo perene nas amorosas águas do largo
Na bonança do serpeado contraído
E surdo
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