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ARTE

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

VERTIGEM




O vento chama-me ao rio
Ao lodo das margens secretas
Onde braço com ombro
Te farei insondáveis
Confidências

No vaivém da maré o rio chama-me
Pelo nome

Um mergulhador emerge
Sem rumor
Sem notícias do corpo calcinado entre pedras
Enredadas por troncos imolados
Cicatrizes negras de tempos
Passados

Nas margens com um só beijo
Aprendera a palavra Amor

O mergulhador foi-se
E eu sorrio
De todas as alegrias
Sonantes
Que libertam a terra escura
Dos seus algozes
De todos os beijos
Semeados
Em terreno fértil e seguro
Como trigo nas searas
E sangue nos recém-nascidos

E há os Mistérios
Nos ramos dos salgueiros
Assombros amorosos
Chorados ao luar
De Agosto

No rio na antiga ponte de pedra surda
Aprendi numa vertigem a palavra Morte


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