Só vos conhece, amor, quem se conhece;
Só vos entende bem quem bem se entende;
Só quem se ofende a si, não vos ofende,
E só vos pode amar quem se aborrece.
Só quem se mortifica em vós floresce;
Só é senhor de si quem se vos rende;
Só sabe pretender quem vos pretende,
E só sobe por vós quem por vós desce.
Quem tudo por vós perde, tudo ganha,
Pois tudo quanto há, tudo em vós cabe.
Ditoso quem no vosso amor se inflama,
Pois faz troca tão alta e tão estranha.
Mas só vos pode amar o que vos sabe,
Só vos pode saber o que vos ama.
2 comentários:
Sublime! Conheci Jerônimo Baía através de Nelson Ascher e estou surpreso por alguém desse tamanho ser tão pouco conhecido. Por sua musicalidade simples e variada, Baía me lembra Bach, também simples, também variado, também grande, muito grande! Abraços calorosos de um amigo carioca!
Boa tarde
Compartilho a sua análise.
A harmonia, emoção, sensibilidade e "misticismo" de Jerónimo Baía, são uma excepção no património poético da língua portuguesa.
Um abraço de um amigo português
Zé Maria Alves
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