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ARTE

terça-feira, 3 de novembro de 2009

FERNANDO PESSOA - ALBERTO CAEIRO - QEM ME DERA QUE A MINHA VIDA FOSSE UM CARRO DE BOIS

Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para onde veio volta depois,
Quase à noitinha pela mesma estrada.

Eu não tinha que ter esperanças – tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelos brancos...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

Ou então faziam de mim qualquer coisa diferente
E eu não sabia nada do que de mim faziam...
Mas eu não sou um carro, sou diferente,
Mas em que sou realmente diferente nunca me diriam.


JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org


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