mudar tudo
colocar andaimes nos pisos do coração ferruginoso
infectar os olhos de espelhos fotográficos não tenho fome não tenho sede há um susto na noite que consome o tempo o lado escuro das vozes das embarcações solitárias
o tejo canta no silêncio a crueldade do frio marítimo os corpos dos pescadores são a paciência da peste sideral
os deuses estão exaustos palpáveis e luminosos como convém à invenção da fadiga e do desespero
abandono tudo olho-me metamorfoseado contaminado pelo sangue espesso do calendário
logo pode ser tarde os dias descalçam as paisagens e abafam os luzeiros da criação
conheço bem a liturgia das horas salgadas e a imensidão do deserto que cresce a cada passo na fulguração dos relâmpagos inquietos
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