a tarde envidraçada na marina esboça gente nas palmeiras porto das aves hirtas que descem da colina petrificada aos pares
um silvo corta os ares ainda por florescer
os relógios pararam
um veleiro apresta-se o rumo da solidão
até às raízes da glória obscura
uma cicatriz na face do patrão é prenúncio de mau tempo o eco do marulhar entra no coração pelas frestas sanguinolentas
a paisagem cola-se à proa
lá fora o mar chora como criança o barco avança pelas nuvens em erosão talvez uma última viagem
perde-se a vista na neblina parte lento três nós
enquanto a hora da torre recomeça a contagem do tempo
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