O Earth Overshoot Day é o dia do ano em que a humanidade consumiu todos os recursos cuja regeneração já não é possível para esse mesmo ano.
Os dados relativos ao Earth Overshoot Day são contabilizados pela Global Footprint Network que tem como colaboradores inúmeras organizações sem fins lucrativos.
A partir desse dia, passamos a consumir recursos não renováveis e entramos em débito. Em termos económicos, é o dia em que o orçamento regenerativo anual do planeta é gasto – ou esgotado –, e a humanidade passa a fazer gastos, numa situação que podemos apelidar de deficit ambiental.
O Dia do Débito Ecológico na Terra é determinado com base na divisão da quantidade de recursos obtidos no planeta no ano em análise e pela denominada pegada ecológica, que avalia os recursos naturais consumidos pela humanidade naquele, multiplicando o resultado por 365 dias.
Em 1970 o dia coincidiu com o dia 31 de Dezembro – “economicamente” um orçamento equilibrado;
Em 1971 caiu para o dia 21 de Dezembro – a partir daqui inicia-se a época do débito que só foi interrompida no ano de 2020, como veremos infra;
Em 1980 caiu para o dia 4 de Novembro;
Em 1990 para o dia 11 de Outubro;
Em 2000 para o dia 23 de Setembro;
Em 2005 para o dia 26 de Agosto;
Em 2010 para o dia 8 de Agosto;
Em 2015 para o dia 6 de Agosto;
Em 2020 para o dia 22 de Agosto – uma melhoria que se ficou a dever às consequências provocadas pela pandemia (Covid-19); mas
Em 2021 retomou o seu curso; caiu para o dia 20 de Julho.
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Só com a alteração do nosso estilo de vida poderíamos inverter uma situação que se agrava anualmente.
No entanto, segundo o Banco Mundial, o que hoje consideramos o nível de classe média na Terra, irá aumentar nos próximos dois ou três anos de um pouco mais de 2 mil milhões de pessoas para cinco mil milhões.
Estes cinco mil milhões irão querer ter acesso aos produtos que sempre ambicionaram para atingir a “felicidade” de que a classe média anterior usufruiu.
Sem grandes considerações, é óbvio que o débito para o planeta continuará a aumentar.
Acresce que se toda a população da Terra consumisse o que os cidadãos americanos consomem – eu sei que a população dos EUA é em grande parte obesa, gananciosa e tem a mania das grandezas, algo parecido com o malogrado “sonho americano” – necessitaríamos anualmente de 5 planetas Terra e respectivos recursos.
Mas, se essa população consumisse o que os indianos consomem, teríamos recursos para mais dois mil milhões de pessoas, ou seja para um total de dez mil milhões, os tais que tanto nos têm apavorado.
De novo, podemos dizer, que é óbvio que os privilegiados nunca quererão abdicar dos seus privilégios e que a população não está interessada na destruição do seu habitat.
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Os humanos não são como as plantas que se adaptam ao meio em função dos recursos existentes.
Queremos sempre mais; o automóvel do vizinho, a sua casa, a sua sobremesa, para depois invejarmos a vida do vizinho desse vizinho, que tem três automóveis, uma mansão na cidade, uma casa na praia, uma mulher lindíssima para os eventos sociais, apesar da dificuldade em a sustentarmos, e assim por diante.
Não vamos deixar de “consumir” e de “acumular” o que muitas vezes para nada nos beneficia nem beneficiará.
Não vale, pois a pena, fazer cálculos que conduzam a meras ilusões.
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Hubbert, no ano de 1956 desenvolveu um modelo que ficou conhecido como o Pico do Petróleo, mas que consegue prever a evolução de qualquer recurso mineral ou fóssil, como o petróleo, o carvão, o gás natural, e até espécies cuja reprodução é lenta, plasmado numa curva em forma de sino.
No início da curva, antes do Pico, a produção aumenta por via do acréscimo de infra-estrutura produtiva. Já na fase posterior, logo a seguir ao Pico, a produção diminui devido ao esgotamento gradual do recurso.
Este modelo elaborado em 1956, previu que o pico de extracção do petróleo seria atingido por volta de 1970, o que levaria a uma diminuição da produção a partir desta data, o que veio a ocorrer a partir do ano de 1971.
Tal como o petróleo, todos os outros recursos naturais do planeta não são infinitos.
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José Maria Alves
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