os tempos, os tempos que correm
puseram-na fora dela, a minha bela amiga.
ela veio com recriminações
sobrancelhas franzidas, e também muito amor
tentar dizer-me mil palavras amargas.
tempo perdido, vede.
ela não consegue enganar-me.
sem a máscara, mas com doce gemido.
ela vem jovem, terna, fina silhueta
e diz: porque não tens ambição nenhuma?
multidão, as pessoas buscam sua celebridade.
a ordem calcada aos pés
o povo reparte as túnicas da glória.
quando colherás os frutos
da tua inspirada pena?
ergue-te, agarra o tempo que passa.
agarra-o antes que seja tarde.
cada época tem seu rosto.
faz com o teu um bom uso!
os caminhos da grandeza estão tapados?
faz como toda a gente, sem te impressionares.
os protectores são poderosos:
de quem se valer? não de si mesmo.
as almas nobres onde estão?
onde estão diz-me, as suas moradas?
as suas palavras de fogo alteraram-me.
quem pensava ela que eu sou
senão um homem cujo único bem
é a alma na sua nobreza. Eu disse:
«deixa-me, a minha meta é a grandeza.
a sorte é o fruto do acaso.
o quê? rebaixar-me por riqueza ou glória?
antes morrer, antes morrer!»
Tradução de Adalberto Alves
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