O tempo, alado, vai
por nada espera, jamais,
e corre, forte corrente;
também por nada regressa,
tudo por terra cai; nessas
coisas, é omnipotente;
seja rico, seja pobre,
um mesmo olhar descobre;
pra ele, não há resistente.
Um somente sobrevive
à força do tempo, livre,
e mantém pacificado;
não receia sua foice,
nem rápidas asas, pois se
funde nele, repousado:
a tão esplendorosa fama,
que em glória se proclama,
fica eterno legado.
Não escrevo com pena, nem
com tinta preta, porém,
com o fio de meu sabre,
e com sangue no alarve,
eterna é minha fama.
O céu azul me cubra, sem caixão à beira,
honrosa seja minha hora derradeira.
Quando lobo, mesmo corvo, tragar me queira,
tenha céu em cima, terra por companheira.
Tradução de Ernesto Rodrigues
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