Vivemos num mundo globalmente imoral, onde a justiça social é uma verdadeira ficção. Os pobres são cada vez mais pobres e os ricos mais ricos.
Nos países em vias de desenvolvimento – apesar da expressão ser menos dolorosa que a de “países subdesenvolvidos”, não nos parece coincidente com a realidade – enriquecem governantes, comerciantes e industriais desonestos, para além de outros criminosos que se aproveitam da conivência das autoridades. Grassam os corruptos e os ladrões de “colarinho branco”, enquanto o povo subnutrido vai morrendo lentamente por via das carências alimentares e dos mais elementares cuidados de saúde. O “desenvolvimento” aproveita a uma minoria de políticos e poderosos, tais suínos em período de invernada.
A pobreza é uma realidade que ninguém parece querer assumir. Até os próprios pobres bastas vezes a escondem, enquanto os dirigentes das nações ensaiam discursos prometedores, usando e abusando da palavra “esperança”.
A pobreza é ter fome. Fome de pão para nos alimentarmos convenientemente, e não, fome da “sobremesa alheia”.
Pobreza é ver os filhos e aqueles que amamos morrerem à fome ou como consequência de estados de subnutrição crónica.
Pobreza é não ter um tecto que nos abrigue ou um abrigo sem condições por onde tudo pode entrar, seja o frio seja a chuva, seja a dor seja a enfermidade.
Pobreza é ter uma doença e não poder ir ao médico. Pobreza é não poder comprar os medicamentos.
Pobreza é assistir à morte dos filhos em lento sofrimento por carência de cuidados médicos.
Pobreza é não ter emprego e viver de pequeninos subsídios.
Pobreza é ter medo de perder o pouco que se tem e temer sem nada ficar.
Pobreza é não ir à escola para trabalhar ou porque nem posses se tem para comprar livros. Pobreza é ser-se analfabeto.
Pobreza é a incapacidade dos que sofrem, física ou psicologicamente, para reagirem às condições adversas que os assolam.
Pobreza é a falta de liberdade e de livre determinação.
Em verdade, para além de uma verdadeira pobreza, que toda a gente vê, existe uma outra, bem dolorosa, que tem vergonha de si mesma. Esta, com a qual todos os dias convivemos, entristece-nos. E deveria entristecer todos os que com ela convivem e, mais não fazem do que olhar para o próprio umbigo.
Pobreza é comprar carne para o cão, quando cão se não tem e peixe para o gato, quando o único que há no prédio é o da vizinha, que se passeia gordo e anafado.
Pobreza é dizer-se «Bom dia, está tudo assim como assim...» ou «vai-se andando...», quando em casa faltam os bens essenciais, o merceeiro e o talhante já não fiam e os bancos se preparam para penhorar as casas, que ainda estão por pagar.
Segundo o Banco Mundial, é pobre em condições extremas, todo aquele que vive com menos de um dólar por dia. É pobre, moderadamente, o que vive com mais de um dólar e menos de 2.
Segundo estudos recentes, 1 bilião e 100 milhões de almas vivem com menos de 1 dólar e, 2 bilhões e 700 milhões, com menos de 2 e mais de 1 dólar.
A pobreza é uma dura realidade. Tão dura, que nos seus extremos mata, sem dó, sem piedade, sem qualquer atitude dos que esbanjam comida e outros bens.
Bastaria que nos países ricos deixássemos de alimentar os animais domésticos com cereais e soja, para que a fome terminasse no mundo (Peter Singer). Tão simples... Tão fácil... Tão utópico!... (não se entenda que devemos exterminar à fome os animais domésticos...)
Essa fome, que parece não ter solução, seria resolvida com 19 mil milhões de dólares. São muitos milhões. Para gastar com a pobreza, não, mas para a guerra, sim! Só os E.U.A. gastam anualmente 420 mil milhões na defesa; na defesa do egoísmo, da inveja, da ganância, e do ódio.
Agora, digo-vos:
A CADA 3 SEGUNDOS HÁ UM SER HUMANO QUE MORRE À FOME
Contemos juntos:
1 ..... 2 ..... 3 ..... morreu um homem, mulher, criança ou velho;
1 ..... 2 ..... 3..... um outro ser humano morreu;
1 ..... 2 ..... 3 .... e outro;...
e outro ... e outro nosso irmão...
E os nossos corações são de pedra
e as nossas barrigas estão fartas
e temos o nosso umbigo
e temos uma falsa verdade
e temos nas palavras a falsidade.
Os países ricos fingem que auxiliam. As suas ajudas são uma verdadeira gota de água no oceano, ou seja, apenas 0,22 % do seu PIB. Fingem e fingem, porque quando a nossa barriga está cheia, pouco nos importa a barriga dos outros e acreditamo-nos por conveniência em tudo o que nos dizem. Isso faz-nos sentir mais compassivos. E eles sabem bem como é conveniente acreditar... Sabem bem como é acomodado ignorar...
A pobreza não está a diminuir. A pobreza aumenta. A pobreza vai continuar a aumentar.
A triste realidade é que por via da POBREZA, morrem todos os dias no mundo 50.000 pessoas e,
11 milhões de crianças, morrem por ano, antes dos 5 anos de idade e como consequência dos efeitos devastadores daquela.
Portugal, dos 27 países da União é um dos 9 mais pobres. Ainda temos concelhos onde o rendimento é inferior a 600 euros, como Fornos de Algodres e Pampilhosa da Serra.
E qual será o contristado panorama da saúde mundial?
Segundo a Organização Mundial de Saúde faltam mais de quatro milhões de profissionais de saúde no mundo – médicos, parteiras, enfermeiros e auxiliares –, escassez que é sentida essencialmente em África e na Ásia.
Nos finais do século XX existiam 1,2 mil milhões de pessoas que viviam em pobreza absoluta e degradante, ou com um rendimento de 1 dólar ou menos por dia, valor que se manteve estável na sua última década.
Metade da população mundial – cerca de 3 mil milhões de pessoas – vivia com dois dólares por dia ou menos.
Em 2006, numa população total estimada em 6,5 mil milhões de almas, 1,3 mil milhões não tinham acesso aos cuidados médicos mais básicos.
Se no continente americano, cujos países concentram 10% da carga mundial das doenças, existiam 24 profissionais de saúde para cada mil habitantes – contando com 37% da totalidade mundial daqueles trabalhadores –, já no continente africano, onde está concentrada 24% daquela carga, existiam apenas 2 ou 3 profissionais de saúde para os mesmos mil habitantes – representando 3% dos profissionais de saúde do mundo –.
Aguardando-se que a população supere os 7 mil milhões até ao ano de 2015, com 98% do aumento a registar-se nas regiões pouco desenvolvidas, o panorama é quase assustador. A pobreza continuará a aumentar, bem como a carência dos mais básicos cuidados de saúde, malgrado as palavras de políticos e altos dirigentes, tão imbuídas de esperança quanto de falsidade e hipocrisia.
Durante o período de 1990-97, o número de pessoas infectadas pelo VIH/SIDA, mais do que duplicou, passando de 15 para mais de 33 milhões, vivendo 95% dos contaminados em países em desenvolvimento e 70% na África a sul do Sara.
Qual é o papel da medicina alopática nesta tenebrosa cena? Qual a esperança de justiça dos pobres e miseráveis que abundam neste planeta?
A medicina convencional ou alopática é uma terapêutica dispendiosa, que apenas tem a sua eficácia garantida nos países desenvolvidos. É uma medicina de “ricos” e para “ricos”, um negócio monstruoso e frio, como tudo neste planeta onde se derramam palavras de generosidade e se actua em conformidade com interesses financeiros meramente grupais ou pessoais. Materialista e mecanicista, olvidou por completo a realidade holística do homem e escamoteou as leis que regem a vida como um todo, primando pela ausência ou insuficiência informativa.
A medicina convencional não é, nem será uma esperança para os milhares de milhões de pobres deste mundo. Se o progresso tecnológico e científico tem sido marcante nestes cinco mil anos de “civilização”, já o mesmo não se pode afirmar da natureza humana.
Desde que formámos com outros homeopatas os HSF-Portugal, temos procurado divulgar terapêuticas eficazes e pouco dispendiosas. A Homeopatia, os Florais de Bach, a Isopatia, entre outras, podem constituir a esperança real – mesmo que parcelar –, das reais carências de populações desumanamente desfavorecidas e abandonadas, quer pelos seus próprios governantes, alguns verdadeiros criminosos, quer pelos povos desenvolvidos, bastas vezes autores morais e cúmplices da corrupção e enriquecimento ilegítimo daqueles.
A Homeopatia, por muitas críticas de que seja alvo, constitui-se como uma Medicina eficaz, pouco dispendiosa e muito mais acessível do que a inoperante – inoperante por inexistente – Medicina alopática.
É alvo de ataques constantes, de denúncias caluniosas, em regra, por quem nem sequer a conhece nos seus mais básicos princípios. A Homeopatia não interessa aos “comerciantes da medicina”, aos “vendilhões de saúde”, aos que enriquecem ilegitimamente à custa dos que sofrem.
É incómoda para os terapeutas gananciosos, violenta o desejo de enriquecimento de classes habituadas ao domínio incontestado, e afronta o próspero mercado desumano da indústria farmacêutica.
Mas, quer queiramos quer não, é uma Esperança: para os miseráveis, para os pobres, para os abandonados por sistemas cruéis e oportunistas, para os desvalidos.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org/
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