o mundo está aí com todas as suas manifestações pueris
os prédios elevam-se lado a lado como gaiolas de aves depenadas ou latas de peixe cru
tudo fora do prazo
os empregos
- quem inventou o trabalho deveria ser definitivamente interditado –
os transportes a fome as mortes nos seus floridos carros funerários
mulheres homens crianças velhos nas ruas
antenas nos telhados roupa estendida nos terraços
corações ao alto
missas padres crimes e beatos soldados árvores doentes no centro das cidades sem-abrigo e alojado gente que vegeta e corre pelas orlas do esterco gente que se estatela nas sarjetas da palavra
imunda e doente
tudo visível e palpável como a porta da adega sem cadeado ou do velho palheiro de furtivos amores
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