Noite escura!
Ó noite de amargura!
Crianças abandonadas
Andam à chuva e ao frio, esfarrapadas.
Ninguém faz caso delas,
Debaixo das estrelas!
Vêem-se através dos seus vestidos,
Lívidos corpos doloridos.
Tenrinha carne de agonia,
Como os peitos sangrentos de Maria!
Que mãos elas estendem, tão magrinhas,
Pedindo pão, pelas alminhas!
E abrem uns grandes olhos pretos!
E lembram pequeninos esqueletos.
Mas só responde a noite que lhes diz:
- «Sou como vós, crianças, infeliz».
E cai a triste chuva,
Lágrimas de órfã e de viúva...
E o vento sopra a clamorar,
Que frio de gelar!
E elas andam descalças, pelas ruas,
Famintas, quase nuas.
Que solidão! Ninguém se importa!
Ninguém faz caso! Ó noite morta!
Ó noite de amargura!
Noite escura!
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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