Desmaio de doçura,
sonho, calma,
De canto inábil,
de moroso tédio.
Amo os galos bordados na toalha
E a fuligem dos ícones austeros.
Quente zunir de moscas,
vão-se os dias
Na devoção submissa da certeza.
Sob o telhado,
a codorniz cicia,
Há um aroma festivo de framboesas.
Mas pesa à noite a penugem de gansos,
O lampião vacila, cansativo,
E na toalha,
o galo ergue o seu canto
Monótono, pescoço distendido.
Senhor, nada perturba este silente
Recanto que me deste e onde me asilas.
Espesso, feito um mel,
em gotas lentas,
Escorre da colher o fio dos dias.
Tradução de Haroldo de Campos
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