Sei, de errar nunca mais paro,
O passo torto me leva;
Na macieira as mãos agarro;
Tenho avós Adão e Eva.
Nem uma, nem duas vezes,
Mas todas tenho pecado.
Bem sabes, Senhor, só Tu és
Quem está sempre ao meu lado.
Olha às lágrimas que verto,
É que eu mentir não posso,
Ao sol ponho o que vai dentro;
Inferno é-me o remorso.
Nem de noite sou luzeiro,
Nem borboleta de dia.
Como eu de verdadeiro
Teu rosto, Senhor, queria.
Não é vã a reza que digo,
Ninguém sabe meu desgosto;
Será amigo ou inimigo
Quem na água lhe dança o rosto?
É o mar sem fronteira alguma;
Vaga cruel, barco furado.
Ai os montes, ai a bruma
Onde se perde o veado!
Meu dia é sofrer infindo;
Noites – árido deserto.
Cada astro que vai caindo
É um ai que me arranca o peito.
Tenho ferida que não sara;
Meu braço – asa quebrada.
A mocidade voara.
Como então não dei por nada?
Não fosses Tu, em vão chora
Quem por outro Amor anseia;
Livra, Deus, Teu escravo agora
Da noite que o rodeia.
Tradução de Doina Zugravescu
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