Vejo uma Sombra escura
Que, sempre que estou só, junto de mim, murmura.
E fujo, e tenho medo...
E, se olho para trás, seu vulto de segredo
Ergue-se no ar saudoso que entristece.
Onde quer que eu esteja, a Sombra me aparece;
E beija o meu espírito encantado,
Quase encarnado...
És tu, sombra divina, essência do meu dia,
O sol-recordação que me alumia;
E vai o meu espectro desenhando,
E apagando
Meu corpo que se perde em solidão
E se torna invisível coração.
E já mudado em poeira,
Fria cinza da lareira
Que o vento espalha, no ar,
Ouve uma Voz cantar
A perfeita canção, a reza inconcebida
Que é a própria fonte original da Vida;
A névoa do Princípio, a Sombra escura
Que, sempre que estou só, junto de mim, murmura.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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