EU ERA NOVO E TU SIMULAVAS
TARDES IMÓVEIS À PORTA DO NOSSO MEDO NAS MAIS
DIFÍCEIS EM QUE TE
OCUPAVAS COM GESTOS E UMA INVENCÍVEL ENTREGA TE
FAZIA INVEJAR AS CHA-
MINÉS E OS SEUS FUMOS.
TU, O TEU SANGUE CREPUSCULAR, DISSOLVIA O MEU
REMORSO DE TER NASCIDO E
DISSOLVIA O PEZ QUE OS OUTROS COLAVAM AO NOSSO CORPO.
O TEU GESTO DE MOLHAR A LUZ NA TUA PELE DISFARÇAVA
COM CUIDADO QUAL-
QUER ASA DE PECADO.
O NOSSO RECEIO NÃO ERA JÁ DAS CINZAS QUE NOS APOU-
CAM. A LIMPIDEZ DO CÉU,
TRABALHO DAS NOSSAS MÃOS, ENTREABRIRA-TE OS LÁBIOS
DOUTRA SEDE, PERMA-
NENTE COMO A CHUVA.
EU ERA NOVO E TU SIMULAVAS OS MEUS DEDOS DESFO-
LHANDO-SE.
PORQUE O NOSSO PESO ERA DE SÍMBOLOS, DECIDISTE
CRIAR OUTROS.
A DORMIR REFIZEMOS OS NOSSOS FRUTOS DE ALEGRIA E
NUNCA NINGUÉM NOS IM-
PORTUNOU COM TARJAS TRISTES À NOSSA PORTA. a VIVER
REFIZEMOS AS COISAS E
O SEU GUME, NA EVIDÊNCIA DO QUE EXISTE.
DESPIAS SORRIDENTE, DESLUMBRADA, AQUELE QUÊ DE
AUSENTE NA CARNE DAS
ESTÁTUAS, E NADA QUE NÃO FOSSE EXACTO TURBAVA OS
TEUS OLHOS. A TERRA
ABRIA-SE PARA A CHUVA ENQUANTO A SEMENTE DO DIA
ENTRAVA NO BICO DOS
PÁSSAROS. HAVIA UM GESTO DE ELEVAÇÃO.
EU SIMULAVA VER UM BARCO INCENDIADO, UM MAR
DE LIXÍVIA A ARDER E AS REN-
DAS DA NOITE CREPITANDO. OUVES AINDA O RUMOR DAS
ESTRELAS DE QUE, NOS
DECLIVES, DEPENDIAM NOSSOS PASSOS? UM PEDESTAL DE
ÓCIO SUSTINHA AS ES-
TÁTUAS DO VALE, INERTES DE DESTERRO, TODAS DE ROSTO
SEMELHANTE, EXISTIN-
DO DE AUSÊNCIA ERGUIDA.
NESSA HORA O LINHO QUE NOS COBRIA TINHA QUALQUER
COISA DE FEROZ E RECLA-
MAVA SANGUE.
O BRANCO ENSINOU-NOS A ESPADA. A ESPADA A CORAGEM
DE A SABER INÚTIL.
UM DIA DISSESTE A FITAR OS OLHOS DE IMENSAS COISAS –
QUE AO MENOS NOS
SALVEMOS NÓS! – DÓI-ME O CORPO DE ESPERAR...
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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