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ARTE

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

ANTÓNIO BOTTO - VIERAM DIZER-ME






Vieram dizer-me
Que te condóis
Da vida que vou levando
Desde o nosso rompimento?...

Não tenhas pena; -
Sou feliz a cada hora,
E mais, a cada momento!

Acabei. Nada me fica
Na lembrança –
Para que eu no tumulto insondável do amor,
Me possa prender
Ao prazer de lembrar seja o que for.

Cuidavas que eu andaria
Doido à procura de ti
Pelos clubes onde vive
A tua neurastenia –
Quando,
Afinal,
Tão diferente
Me encontras, - hoje, abraçado
Ao desconforto e à ruína
Dessa ilusão
Que apenas doirou de luz
O nosso primeiro dia!?

Agora, -
Entretenho-me com essas
Que a troco de um vil amplexo
Dão-nos o mundo num beijo.

De quantas misérias, quantas?!,
Foi feito o nosso desejo!

Esquece-me. Quero andar
Ao sabor do meu instinto
Cultivado na desgraça.

O amor, -
Deixa um travo, mas passa.

Não tenhas pena.

Do alto do meu aprumo
Desafio a tua verve:

- Para morrer,
Qualquer lugar,
Qualquer corpo,
E qualquer boca me serve.


JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org


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