Sozinha e ao desamparo ela vivia
Nesse pobre casebre abandonado;
Não conhecera pai nem mãe, doía
Fitar aquele rosto macerado.
Nenhum rapaz esbelto a convidava
Para os descantes da festiva aldeia;
E consigo a mesquinha suspirava:
«Doce Jesus! Porque nasci tão feia?»
Quando a lua no céu azul surgia,
De alvor banhando a múrmura devesa,
No postigo do albergue a sós gemia,
Triste mulher sem viço e sem beleza.
Chamou-a Deus enfim: quando passava
O singelo caixão na triste aldeia,
Melancólico o povo murmurava:
«Vai tão bonita, olhai! E era tão feia!...»
GONÇALVES CRESPO
JOSÉ MARIA ALVES
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