Leva este ramo, Pepita,
de saudades portuguesas;
é flor nossa, e tão bonita
não na há noutras devesas.
Seu perfume não seduz,
não tem variado matiz,
vive à sombra, foge à luz,
as glórias d´amor não diz;
mas na modesta beleza
de sua melancolia
é tão suave a tristeza,
inspira tal simpatia!...
E tem um dote esta flor
que de outra igual se não diz:
não perde viço ou frescor
quando a tiram da raiz.
Antes mais e mais floresce
com tudo o que as outras mata;
até às vezes mais cresce
na terra que é mais ingrata.
Só tem um cruel senão
que te não devo esconder:
plantada no coração,
toda outra flor faz morrer.
E, se o quebra e despedaça
com as raízes mofinas,
mais ela tem brilho e graça,
é como a flor das ruínas.
Não, Pepita, não ta dou...
Fiz mal em dar-te essa flor,
que eu sei o que me custou
tratá-la com tanto amor.
ALMEIDA GARRETT
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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