Arrancam-me as penas
e eu sofro sem dizer nada:
- Sou ave
bem educada.
E, se quisesse,
podia
morder-lhes as mãos morenas,
a esses
que sem piedade
me roubam estas penas que me cobrem;
e, no entanto,
sem o mais breve gemido,
o meu corpo
vai ficando...
Desguarnecido...
E elas,
aquelas
que se enfeitam, doidamente,
com estas penas formosas
- que são minhas!
passam por mim, desdenhosas
em gargalhadas mesquinhas.
Sim; eu sofro sem dizer nada:
- Sou ave
bem educada.
ANTÓNIO BOTTO
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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