Nem sequer podia
Ouvir falar no teu nome.
E se fixava o teu vulto,
Irritava-me, sofria
Por não poder insultar-te...
Chuviscava, anoitecia.
- Uma chuvinha
Impertinente e gelada
Como sorriso de ironia
Numa boca desejada.
Já não sei o que disseste;
Nem me lembro do que eu disse...
A chuva continuava.
Atravessámos um jardim
E à luz fosca
Dum candeeiro,
Segredaste ao meu ouvido:
- Quero entregar-te o meu corpo.
E eu acrescentei: - Pois sim.
A chuva tornou-se densa.
Eu ia todo encharcado.
Por fim, chegámos; entrei...
Um marinheiro descia
Ajeitando a camisola
E compondo os caracóis.
Era uma casa vulgar
Aonde o amor
- Oculto a todos os Sóis
Se dava e prostituía
A troco da real mola.
Arrependi-me. Blasfemei;
Mas quando abandonei os teus braços
Senti que tinha mais alma!
E nunca mais te encontrei.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
Sem comentários:
Enviar um comentário