Tarde nevoenta e baça.
Caem salpicos de chuva,
E há nuvens
Que se atropelam, bailando...
A luz do sol,
Indecisa – muito escassa,
Reflexo de uma lâmina puída,
Cai na planície
Aonde
Eu aguardo o início da corrida.
Cavalos e cavaleiros
Num tropel imponente
De vertigem arriscada,
Aparecem
Lá no fundo...
E a luz,
De repente,
Torna-se um pouco doirada.
A alegria
Daquela
Esplêndida juventude
- Que passa!,
E o ruído seco e surdo
Dos cavalos
Em delírio, galopando,
Dão-me um frémito viril
E uma saudável tristeza.
A chuva surge mais densa;
- Agora,
Com remoinhos,
Granítica, sem leveza,
Encharcando a verde relva
E a multidão
Que persiste
Em ficar
Para ver a apoteose final.
Apesar dos aguaceiros,
E apesar da ventania
Quase cortante,
O garbo gentil e atlético
Dos cavaleiros,
É, nos meus nervos,
Um toque dominador,
Sensualíssimo, vibrante...
Uma gargalhada
Metálica – de mulher,
Retine
Como vidraça quebrada
Por um encontrão brutal.
E o esforço
Que tomo
Para não mostrar aos outros
Meu fundo sentir,
Acaba
Por me tornar
Vencido, pálido, mole.
Saio.
- No ar,
Vive uma réstia de Sol.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org/
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