Quando medito em minha luz perdida,
Nesta tão vasta e mais sombria terra,
E que esse dom que só a Morte cerra
Inútil mora em mim, embora a vida
N´alma me seja ao Criador rendida
E a mais prestar-lhe a conta que não erra,
«A quem, negada a luz, a treva encerra,
Calcula Deus a quotidiana lida?»
Pergunto ansiosamente. E a Paciência
O murmurar me cala: «El´ não precisa
Dos dons de um só em cada humana esfera.
Se El´ convoca os seus fiéis, e com ardência
Que milhar´s correm para onde Ele pisa.
Também O serve aquel´ que fica e espera.»
Tradução de Jorge de Sena
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