passei por tantas experiências as luzes cruzavam-se no coração do asfalto enquanto mulheres seminuas deslizavam na calçada enregelada ofídias natas
o sangue fervente das víboras dos becos orgíacos contaminou-me arruinou os castelos de cartas soprados por ventos macabros que a boémia gera de dentro para fora
terral dos monstros furibundos dos assexuados dos loucos ensopados em esponjas de vinagre roupagens esfarrapadas da novíssima realeza
uma garina suada na quinta porta da última esquina coçada da avenida poiso milenar do prazer na anunciação de viagem ao purgatório das reses indefesas o meu olhar cansado mas penetrante como adaga rasgava as fêmeas em grupo como pombos estagnados aos pés da sé
lembro o dia da aterragem no aeroporto militar vindo da guerra um garoto vestido de azul pronto a sorver a vida numa mesa de prata com os três talheres do marfim pecaminoso
o adeus definitivo às praias e densas florestas equatoriais às mestiças esmeralda e palmeirais
um vazio do coração na esperança das mais vivas e libidinosas urgências
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