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ARTE

domingo, 26 de outubro de 2014

O AR DA CIDADE



o ar da cidade tiraniza-me o peito
na esplanada deserta o calor sufoca a melancolia das cadeiras com nomes fictícios e ilusórios de falsos cartórios e registos 
mortos-vivos        há uma névoa fervente em cada passante        o dono do café sorri enquanto conta as moedas seu sentido de vida derradeiro 
nem uma mulher bonita
só canhões e mastronças
asnos e anões
velhas aos saltos
alguns carros      muitos
muitas geringonças
uma bicicleta
pimbas na televisão
uma criança pela mão
a besta do avô e o burro do neto
e eu para aqui
tão longe e tão perto





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