escolher porquê e para aprazem-me as folhosas seculares os campos ardidos as montanhas despidas o mar revolto nas suas afeições incompreensíveis repugna-me o madeirame do lucro fácil causam-me asco as casas que deformam a paisagem galinheiros coelheiras roupa velha nos estendais e à mesa pátios do nojo cobertos de ferro e desperdícios imprestáveis
a paisagem é um todo mal-encarado caninos corroídos nas bocas ulceradas as mãos da raça infectaram-na com o seu habitual mau gosto pouco escapa à sua estupidez curtas vistas e cupidez natural a criação vertida nas línguas asquerosas e maldizentes de povos que inventaram deuses anacrónicos e rasteiros
para quê escolher ante a destruição massiva da beleza original nada de contradições abaixo o mental antes o sacrifício da soledade afectuosa que morra o livre arbítrio inconsciente ao crematório e as damas ao bufete
que interessam ou podem interessar as minhas as vossas opiniões ideias fracassos preconceitos projecções o bem edificado nas raízes do mal e o mal vertido em mescla de betão nas fundações do bem
a realidade é o que é a árvore verde e copada a casa branca da colina é rectangular e o porqueiro está imundo e fedente porque não é domingo
a ética infecta contamina o que é diz-nos fugi do mal e guardai o que é bom na arca doirada das benesses furtivas das divindades inventadas em papel de seda enrolado em patriarcas emprestados como se a vida fosse uma partilha de duas courelas demarcadas por cruzes ou por um qualquer rego de água conspurcada
nem raiva ira ódio afecto ou amor esse amor falso e repelente que é negócio contrato obrigação amor de ilusões e contrapartidas amor nenhum
que morra o dual
vida seja dada ao um
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