Ser-se natural é ser como a árvore frondosa que no silêncio da tarde deixa que lhe tirem os frutos e abençoa com a sua sombra todos os que a procuram, como a luz da candeia que ilumina a igreja e o presídio, o padre e a prostituta, o santo e o ladrão ou a chuva que alimenta e faz crescer o pão e as ervas daninhas.
Quem me dera que os meus dias fossem passados com a paz de uma flor, das paredes brancas da casa grande da colina a afagarem o Sol e a Lua, sendo o que sou por sê-lo, tal como a flor exala o seu perfume sem saber qual o seu odor e a parede a sua alvura sem saber a sua cor.
JOSÉ MARIA ALVES
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