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ARTE

segunda-feira, 29 de junho de 2009

E. M. MELO E CASTRO (1932) - NÃO ME DIGAS JAMAIS QUE O VENTO SOPRA


não me digas jamais que o vento sopra
porque o vento não sopra nunca mais
que quando sopra o vento o que sobra
é o vento que sopra ainda mais

diz-me antes que sopra o vento apenas
quanto o ar se aquieta ao movimento
do que passa no ar motor de penas
ou o sopro contínuo deste vento

ou não me digas nada nunca mais
que não sopra ou que sobra movimento
que não sobra ou que sopra sempre mais
ou diz-me apenas só que és tu o vento

porque o vento que sopra se condensa
no nosso respirar que se condensa


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