terça-feira, 30 de junho de 2009
JOSÉ JORGE LETRIA - PARA QUE SE POSSA SALVAR A LITERATURA
Gosto das personagens que morrem
antes do fim das histórias. É a vida.
As que sobrevivem estão condenadas
a um purgatório do qual
nenhuma ficção as resgatará.
As personagens devem ser como os remédios:
devem ter um prazo de validade.
Não gosto que se pergunte:
o que terá acontecido a Bernardo
e a Luísa depois daquele drama?
Há questões que a literatura não pode
nem deve deixar em suspenso. É fatal.
Hoje escreve-se já para a segunda edição,
para a cinta que proclama o êxito,
para a entrevista na revista do semanário,
para o império da banalidade.
A sofreguidão do novo leva o mercado
a chamar escritores a alguns transeuntes
que acidentalmente decidiram
fazer da literatura um rendimento fixo,
uma escada em espiral para a glória
dos consultórios de dentista.
Nestes casos particulares deviam ser as personagens
a exterminar os autores. Para quê?
Para que se possa ainda salvar a literatura.
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1 comentário:
Então, e um minúsculo Agaricus Musc não poderia ajudar...? temos de ser pacientes, não é?
Beijo.
Ana.
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