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ARTE

segunda-feira, 29 de junho de 2009

EUGÉNIO DE ANDRADE - AO FIM DA MANHÃ


Era ao fim da manhã; talvez
o vento com seu manto de piedade
o tivesse ajudado: um pardal
surgiu no parapeito da janela.
Alguma coisa, pedra ou montanha,
lhe caíra em cima: no corpo todo
em sangue, só os olhos
baços imploram ainda.
Não era apenas o pequeno ser
que noutro olhar suspenso
sofria: a própria vida
lutava para negar a morte.
Não conseguiu – e tanto
o desejara quem os olhos suspendera
da frágil imagem do mundo
em agonia. Longe da luz onde nascera.


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