Cai a noite soturna.
Soturna?! Não gosto, mas escrevo.
Cinza em lágrimas. Em lágrimas?!
Não gosto e não apago.
As palavras não florescem,
Nem germinam suavemente.
São arremessadas longe,
Levadas pelo vento que as sepulta no vale,
Na montanha, em qualquer mente.
Pequenas, grandes, com erros,
Tortas e retorcidas,
Todas servem à economia.
Produto interno bruto, líquido, resoluto.
Miséria, fome, as velhinhas de luto.
Grossas, magras, esquisitas,
De pé, deitadas,
Servem para a marmelada.
Putas velhas desdentadas, mamadas,
Senhoras finas mal fodidas, vacas ordenhadas.
Esguias, secas, aos tropeções, servem os aldrabões,
Políticos, advogados, magistrados e os ladrões.
Cai a noite em cortesia.
Até gosto.
Gosto e escrevo em letras brandas,
Delicadas, macias e alinhadas,
Como convém à humanidade, em fim de página,
Em versos de rodapé.
“Inté” mais ver, chulos e cabrões,
Que o mundo vos pertence,
É propriedade de safados e canastrões.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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