A MALGA DA ILUMINAÇÃO
Um velho monge tibetano atingiu a iluminação.
Todos os noviços o questionavam:
- O que é que se transformou em ti?
Respondeu:
- Percebi a efemeridade da vida, o facto de que quando me levanto posso não chegar ao fim do dia.
- Mas não é isso que toda a gente sabe? – retorquiu um dos noviços.
- Em boa verdade, saber, sabemos, mas muito poucos são os que o sentem.
Durante anos, todas as noites virei ao contrário na pequena mesa que tenho junto da minha enxerga a tigela que habitualmente uso para me alimentar.
A partir do dia em que a iluminação me tocou, nunca mais o fiz.
- Não entendo – volveu o noviço.
- Nessa altura necessitava de algo que me relembrasse que no dia seguinte poderia já não necessitar da mesma.
Agora não preciso mais de malga, sinto apenas.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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