Eu também tive uma cabrinha,
Só que não era minha.
Cabras não são de ninguém: não há posse,
Não há domínio.
A propriedade é uma violência, minha, tua,
D´alguém.
Quem quer ou deseja o presídio, as correntes,
Os muros da prisão?
A cerca, que lhe tapem a visão?
Saltava nas pedras e as pedras não eram dela,
Bebia nos riachos, pastava nos lameiros de João Rancheiro,
Comia-lhe os cachos maduros,
Furtava a panela com a janta dos cães
Aos pinotes de patas no ar.
Não queria nada para além do momento,
Por isso, era dona de tachos, latas, terras, do casario,
Lamentos,
E até de mim.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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