Deste sepulcro em que me encontro nascem pássaros de fogo,
Animais coloridos que voam nos céus da desesperança.
Triste sina do corpo moído, sujo na força vital da agonia
Evasiva, lúgubre, pendente
De reencarnação urgente. Estou morto, eu que vivo?!...
Mãos sulcadas, súbitas e aladas
Pelo destino, pela abóbada das Estações.
Gosto de vinho no Outono, cidra no Inverno,
Do luar de Agosto.
Aldeia minha com que sonho, música de encantar, dá-me uma musa para me reclinar.
Sossega na terra calma a luta dos cantos cósmicos,
Das nostalgias das alegrias crepusculares,
Do frémito das mulheres que o sabem ser em espasmos incontrolados, carnes audazes de videiras hasteadas.
É tarde ou cedo?
Que interessa a hora da eternidade na carne
Que abismada reluz ao sol?
Que interessa ó Deus se em vós acredito? É por acreditar que existis? É por ter fé que em mim estais?
Se vos conheci, ficai sabendo que vos esqueci, como esqueço
Sempre tudo.
Tudo e nada, grandes e pequenos,
Andarilhos e senhores.
Merda para a memória que me mata e
Estonteia, suja, desconserta, ensarilha e desnorteia.
JOSÉ MARIA ALVES
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