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ARTE

sábado, 27 de junho de 2009

EUGÉNIO DE CASTRO - CANÇÃO DOS SETE PECADOS MORTAIS


- «SOBERBA, calquei altiva
Com o meu pé o mundo inteiro;
Morri, e aqui nesta cova
Calcou-me o pé do coveiro...»

- «AVAREZA, amordaçando
Sonhos, desejos, caprichos,
D´oiro enchi um grande saco...
E sou um saco de bichos...»

- «LUXÚRIA, sonhei delírios,
Raros, carnais alvoroços...
E agora, enterrada e podre,
O que sou? Um feixe de ossos...»

- «IRA, troei truculenta,
Assustando o próprio inferno:
Hoje, em silenciosa campa,
Padeço o sossego eterno...»

- «GULA, para saciar-me,
Chacinei rezes inermes,
Comi pavões, rolas, veados...
E sou comida p´los vermes!»

- «INVEJA, invejei grandezas,
Invejei riqueza e fama...
E a morte não me emendou:
Quem me dera hoje ser lama!»

- «PREGUIÇA, almejei p´la inércia,
E na inércia tumular,
Quem me dera, quem me dera
Ser onda inquieta no mar!»


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