foste a amante no que o amor tem de místico
com os lábios enxutos percorri o teu corpo a acender o fogo da partida
nada fiz para resgatar os despojos dos guerreiros mortos na clareira de ervas secas
amanhã quando a fúria do mar for sombra e silêncio rumará para as índias a última das naus do oriente
envio-te nela o baú do meu coração exangue moldado a neve pelas crianças eternas
no espelho do luar feitiço do firmamento lerás a única palavra que dispersou todo o seu sangue nas nuvens doiradas que vagueiam ao sabor das ondas
amo-te
curta mensagem para carga tão penosa e difícil de estivar
será o lastro do navio na tormenta o leme do rumo incerto o aparelho da mareação a certeza oscilante de que o porto será seguro
e o mar lerá nas tábuas do costado escrito a estopa o recado omisso
que ao deixar-te partir
o mundo para mim tinha acabado
Sem comentários:
Enviar um comentário