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ARTE

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A ÚLTIMA DAS NAUS DO ORIENTE




foste a amante no que o amor tem de místico

com os lábios enxutos percorri o teu corpo a acender o fogo da partida
nada fiz para resgatar os despojos dos guerreiros mortos na clareira de ervas secas

amanhã quando a fúria do mar for sombra e silêncio rumará para as índias a última das naus do oriente
envio-te nela o baú do meu coração exangue moldado a neve pelas crianças eternas

no espelho do luar feitiço do firmamento lerás a única palavra que dispersou todo o seu sangue nas nuvens doiradas que vagueiam ao sabor das ondas
amo-te

curta mensagem para carga tão penosa e difícil de estivar
será o lastro do navio na tormenta     o leme do rumo incerto     o aparelho da mareação     a certeza oscilante de que o porto será seguro

e o mar lerá nas tábuas do costado escrito a estopa o recado omisso
que ao deixar-te partir
o mundo para mim tinha acabado





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