uma amante de água feita
raio em lascas que ilumina o ventre das trevas
a argamassa antiga cozida a cordel
a meus pés um papel desfolhado na insónia
hoje varre-se o céu a lâmina invencível da espada aprisionada na teia do frio aéreo
etéreos são os gritos dos répteis que germinam nos bosques da fuga
tempo de míscaros a cerimónia – paus afiados nas artérias azuis das manhãs de domingo
o veneno sangue espargido pelos corpos adolescentes cantares da madrugada
as bandeiras agitam-se no precipício mãos ao peito cruzadas
tossem que nem tísicos os cômoros na liberdade que se evapora das esquinas
as ruas enchem-se de feridas que não saram apinhadas estão as chagas por cães lambidas
úlcera que se esvazia
o que é de uma importância vital para a poesia
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