Um Mestre Sufi, no final de cada prelecção narrava aos alunos uma parábola, mas eximia-se de explicar o seu significado.
Um deles perguntou:
“Mestre, contas-nos inúmeras e belas histórias, mas nunca nos elucidas sobre o seu significado.
A maior parte das vezes, se reconhecemos a sua profundidade, somos incapazes de reconhecer os seus objectivos, a essência dos seus ensinamentos.”
“As minhas mais sinceras desculpas”, disse o Mestre, “é de todo pertinente a tua crítica. Permite-me que como compensação e reconhecimento da minha falta te ofereça um pêssego.”
“Bem hajas, Mestre”, respondeu o discípulo agradecido.
“Melhor, deixa que te descasque o pêssego. Permites?”
“Sim Mestre.”
“Sendo assim, gostaria de to partir em pequenos pedaços para que mais facilmente o possas saborear.”
“Mestre, não quero abusar da tua gentileza.”
“Não é um abuso, faço-o de bom grado.
Já agora, permites que to mastigue?”
“Por amor de Alá, isso não!”, respondeu o jovem discípulo um tanto estupefacto com tal proposta.
“Explicar o sentido das histórias, será o mesmo que oferecer-vos fruta mastigada.”
JOSÉ MARIA ALVES
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