O Quinto Patriarca decidiu escolher o seu sucessor
E propôs aos discípulos
Que captassem a essência do Zen num poema.
O autor do melhor poema
Seria de direito, o seu sucessor.
Os monges já pressagiavam o vencedor:
O aluno mais antigo.
Ninguém ousou competir
Com a sua sagacidade, inteligência e destreza.
Aguardaram,
E o poema apareceu numa parede:
“Este corpo é a árvore de Bodhi.
A alma é como um espelho brilhante.
Tem cuidado para que esteja sempre limpo,
Não deixando que o pó se acumule nele.”
Os monges deliciaram-se.
Certamente o Quinto Patriarca
Também se iria deliciar.
Mas, no dia seguinte,
Ao lado deste, estava outro poema:
“Bodhi não é como uma árvore.
O espelho brilhante não brilha em parte alguma:
Se nada há desde o princípio,
Onde se acumula o pó?”
Com espanto se questionaram os monges.
“Quem o teria escrito?”
Descobriram o seu autor,
O humilde cozinheiro do mosteiro.
Foi a ele que o Quinto Patriarca
Ofereceu o seu manto e a sua tigela,
Nomeando-o Sexto Patriarca.
JOSÉ MARIA ALVES
http://www.homeoesp.org
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