o leito profanado
pelo frio está sereno posso dizê-lo
com a mesma
energia que a cerejeira prenhe dissipa na primavera o fruto pelos tordos
mau grado o jugo
terreno de que os deuses alucinados e febris se apartam ao sol-posto
a cidade nasce
para o inferno do prazer
estremece no ódio
do passado na raiva do presente e no
terror do futuro
acendem-se as
primeiras das últimas luzes
o espanto dos
olhos roídos pelo enfado alonga-se nas casas de passe o passe
pergunta-me o
fiscal do metropolitano praticamente vazio a penetrar os ossos da terra
procuro-o
deve andar por aí
como tudo e como todos
afinal só quero
chegar a casa recostar-me ler um velho poema de um poeta maldito
quando ainda
faltam tantas milhas cravejadas de espinhos rosados
a salvação –
fazer amor para
sempre
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