os anjos da
clareira dormitam taciturnos sem que os sonhos os caustiquem
os anjos não
sonham com édenes nem abominações e aos seus quartos não têm os amantes acesso
em nossos corpos
não há tédio quando a nudez reflecte o anseio
nem no sangue
vivo que rebrilha de inocência pecaminosa se acendem as luzes da cidade alagada
por sémen putrefacto
lâmpadas que se
incendeiam nas ruelas desvirginadas pela concupiscência da aurora
desfloradas pelos
ébrios passageiros da noite
o último
metropolitano apaga-se
o nevoeiro pousa
delicado nas verdes varandas estéreis
corpos em velas
vacilantes fanfarras dos portais da escuridão
pés feridos na
respiração cortante imersa em azul azedume
num leito de mar
te penetro
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