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ARTE

quarta-feira, 3 de abril de 2013

RIBEIRA





o muro alçava-se sobre aqueles dois corpos deitados
num morro de luz azulada nas asas
debaixo do salgueiro choroso dormitava uma melodia rebelde

longe um trabalhador segurava uma enxada cariada pela terra enxuta
com os olhos verdes de ódio escavava a terra cilíndrica que fora de seus avós

da árvore dobrada nascera o sangue inocente das crianças
e o silencioso sorriso das moças virgens
que roçava o leito cremoso da água limosa da ribeira

arpejo de suave perfume arrebatado ao vento solitário
na serenidade crepuscular da alma temperada