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ARTE

quarta-feira, 3 de abril de 2013

DEUS MORTO DEUS NASCIDO





matam-se e inventam-se deuses
filósofos endemoninhados de gargantilha doirada agitadores
da trôpega dialéctica do sem-fim brandem
punhais rombos sobre os cânticos lúgubres da metafísica
na transcendência dos covis bravios do deserto a mirra ungido

fendem com tímido olhar a alma em acanhado festim
rompem todos os sudários no olvido dos raios de sol azul
listrado a vermelho e diamante
sangram nos altares a raposa dos mil divertimentos
em aparente calmaria de fé mágoa pungente

da desgraça ancestral eloquente ciência dos novos abutres
razão coberta de penhascos além-túmulo

cem mil vezes nascido

por cada deus morto os dias de antojo de quem mata o que adora

um amor tão antigo como o espaço sidéreo gorjeia como rouxinol de folhas prateadas
eis que chegam traspassados a fogo os anjos do céu
um novo deus-arqueiro nasce do porvir
miríades de estrelas tombam ensanguentadas no planalto cinzento do trovão
as substâncias primeiras do segredo cósmico cantam novas aleluia
findou a trapaça que venha o tempo do renascimento

deus morto deus nascido




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