Shankaracharya ainda muito novo, com pouco mais de dez anos, assistiu ao falecimento de seu pai, o que fez com que se debruçasse sobre o fenómeno da morte.
Nessa altura terá escrito o poema intitulado “O Fim da Ilusão”.
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Quem é a esposa? Quem é o filho?
Como são estranhos os caminhos do mundo.
Quem és tu? De onde vieste?
Como é vasta a ignorância.
Medita sobre a vida e sobre a morte
e adora o Senhor.
Vê a insensatez do Homem:
Na infância ocupado com os seus brinquedos,
na juventude fascinado pelo amor,
na maturidade repleto de preocupações,
e sempre descuidado com o Senhor.
O tempo voa,
as estações passam,
a vida escoa-se,
mas a brisa da esperança
sopra continuamente no seu coração.
O nascimento traz a morte,
a morte traz o renascimento:
Mal que não necessita de testemunho.
Onde está a tua felicidade, homem?
Esta vida agita-se na balança,
qual gota de orvalho numa folha de lótus.
O sábio pode mostrar-nos,
num instante,
como atravessar este oceano de mutações.
Quando o corpo se cobre de rugas,
quando o cabelo embranquece,
quando as gengivas perdem os dentes,
e o cajado do idoso
cambaleia sob o seu peso como uma cana fina,
a taça do seu desejo ainda está cheia.
O teu filho pode trazer-te sofrimento,
a tua riqueza não te garante o paraíso:
Não te vanglories da tua riqueza,
não te vanglories da tua família,
nem te vanglories da tua juventude.
Tudo passa, tudo é mudável.
Se o souberes serás livre.
Entra com alegria na casa do Senhor.
Não busques a paz nem a discórdia
com amigos ou parentes.
Ó bem-amado,
se queres alcançar a liberdade,
sê igual em tudo.
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José Maria Alves
https://homeoesp.blogspot.com/
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