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ARTE

sábado, 27 de junho de 2009

FLORBELA ESPANCA (1894-1930) - A MINHA MORTE


Eu quero, quando morrer, ser enterrada
Ao pé do Oceano ingénuo e manso,
Que reze à meia-noite em voz magoada
As orações finais em meu descanso...

Há-de embalar-me o berço derradeiro
O mar amigo e bom para eu dormir!
Velei na vida o meu viver inteiro,
E nunca mais tive um sonho a que sorrir!

E tu hás-de lá ir... bem sei que vais...
E eu do brando sono hei-de acordar
Para os teus olhos ver uma vez mais!

E a Lua há-de dizer-me em voz mansinha:
- Ai, não te assustes... dorme... foi o Mar
Que gemeu... não foi nada... ´stá quietinha...


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